yogaterapia com amor.

sábado, 22 de agosto de 2009

Entender...


É... Mais um ano se passou, e eu já estou aqui na véspera de meus 37 anos, compartilhando com as pessoas que conheço e os meus alunos o que venho aprendendo com o Yoga.
Posso dizer com categoria que não sou a típica virginiana sempre preocupada e ansiosa... Isso eu até já fui... Rsrsrs, mas, graças ao Divino, as idades passam, e com elas nossas transformações criam oportunidades de trazerem aos nossos olhos outros pontos de vista, no meu caso trouxe uma vida mais saudável, e apesar de meus inúmeros "vrittis", hoje posso dizer que confio na ação Divina que permite o equilíbrio natural de todas as coisas.
Lendo o texto abaixo me veio á mente algumas reflexões do que realmente estamos sujeitos quando caímos na teia do medo e da ilusão, a ilusão por exemplo de que é certo competir sempre por algo ou alguém ou alguma coisa. Porém, podemos refletir é claro sobre um outro ponto de vista.
Se o homem nasceu para competir, por que é que a vida só progride com a cooperação mutua, existe no universo uma lei única que visa manter através do equilíbrio a estabilidade necessária para o progresso.
Essa mesma lei vale para suas células, seus ossos e todos os seus sistemas corporais, seus relacionamentos... É a sublime lei da unidade, expressa em todas as Yogas.
Claro, coisas acontecem, ficamos doentes, aflitos, mas permita a seguinte observação:
De que todas as catástrofes que ocorrem seja dentro ou fora do nosso Universo acaba por ocasionar um outro meio de vida e assim um outro ponto de vista.
Essa é uma outra lei do universo... A lei do renascimento... É Shiva que dança e nos convida a dançar também.
Compartilharei com vocês um poeminha que escrevi em um momento de reflexão:

"Paradoxo"...

As vezes eu me olho no espelho e não me reconheço. Talvez por que ele mostre apenas o que sou por fora... Quando...Neste exato momento, estou tentando fazer o caminho contrário voltando-me para dentro. E neste instante, eu me vejo de costas, para este espelho... Porém, existe tanto espaço ao redor... Mas eu, permaneço ali, parado, vigiado por esse ser que me encara de frente sem medo e me convida a jornada. Seremos dois, ou apenas um, ou nossa união é apenas o início do primeiro passo. Eu me curvo humilde dentro do espaço infinito de mim mesmo... Ouço baixinho a voz do "Sagrado"... " Dance, não fique aí parado".

"NAMASTÊ"

Jane

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um pouco de visão real...

Essa postagem foi enviada por e-mail pela aluna Jane Petry, carinhosamente, compartilharei com vocês da mesma forma que ela fez:

A complicada arte de ver
Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Fernando Pessoa – Poemas de Alberto Caeiro

Num meio-dia de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo

em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espirito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez com que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E porque toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando agente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espirito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
“Se é que ele as criou, do que duvido.” -
“Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.”

E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É a minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Alberto Caeiro



quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mais receitinhas...

Lassi Indiano

Bata no Liquidificador:
Iogurte natural ou light (1 pote)
A mesma porça de suco de fruta a gosto ou a fruta em si (já experimentei com Damascos, Manga e natural (sem suco de frutas, só o gosto da água de rosas e iogurte)
cardamomo
mel/açucar à gosto
4 cubos de gelo (se quiser, é melhor
1 colher de chá de água de rosas ou de água de flores, ou água de flor de laranjeira.
(obs. - essa água é facilmente encontrada em garrafas no setor de alimentos árabes/orientais - em supermercados).

Gulab Jamun (Docinhos mergulhados na calda de água-de-rosas)
Ingredientes
200 gramas de leite em pó integral
50 gramas de farinha branca
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
25 gramas de manteiga
1/2 colher de chá de cardamomo
leite fresco
750 gramas de açúcar e a mesma medida de água.
1 colher de sopa de água-de-rosas ou algumas gotas de essência de rosas
Óleo para fritura
2 panelas - uma para fritar (óleo) e outra para a calda de açucar.
Modo de preparo
O site tem a receita de forma mais "direta", eu coloquei observações após errar algumas vezes (a primeira vez eu queimei as bolinhas pois elas ficaram em contato com o fundo da panela, tinha pouco óleo!)
Numa panela, faça uma calda fervendo 750 ml de água com açúcar. Depois de ferver por 3 minutos e retire do fogo.
Em panela separada, misture o leite em pó, a manteiga, o bicarbonato de sódio e o cardamomo. Misture bem a massa, e vá acrescentando o leite até que dê para formar bolinhas. Não coloque muito leite, pois pode ficar muito grudenta. (exagerou no leite, adicione mais farinha/ ou se estiver muito seco, coloque um pouquinho a mais de leite). Faça bolinhas do tamanho de um brigadeiro/negrinho pequeno (não a versão gigante) elas irão crescer tanto quando fritas como quando embebidas na calda. As bolinhas devem ficar lisas e homogêneas. Se a massa estiver dura demais, junte-a com leite. Se voce assistir o vídeo com a indiana fazendo, ela coloca leite líquido demais, na minha opinião, e portanto perde muita massa que fica na mão ou no recipiente que fez a mistura. O ponto melhor é deixar o suficiente "lisa", homogênea e macia, para que possa fazer as bolinhas.
Numa frigideira, coloque óleo o suficiente para que as bolinhas possam boiar. Sim, é bastante óleo mesmo. As bolinhas não podem fritar em contato com a panela, só no óleo. Os indianos chamam isto de "deep frying" (algo como fritar profundamente). Inicie com fogo alto, coloque uma bolinha minúscula (do tamanho de um grão de arroz) no óleo. Quando ela subir imediatamente, o óleo tá no ponto. Baixe o fogo para médio e vá fritanto todas as bolinhas que couber na panela. Baixe mais ainda o fogo se necessário. As bolinhas fritam durante 5-7 minutos até ficarem laranjas (veja o site indiano que coloquei abaixo). O cheiro depois de frita é de leite! Frite as bolinhas, e mexa-as continuamente, impedindo que grudem no fundo da panela, até que elas comecem a flutuar na superfície e fiquem com uma cor dourada escura.
Escorra para toalhas de papel, para diminuir a gordura (opcional)
Aqueça novamente a calda de açúcar por 2 a 3 minutos e retire do fogo. Coloque a água de rosas agora, para não perder o aroma, e misture. Mergulhe as bolinhas fritas na calda. Mantenha-as na calda por 2 horas (ou muito mais; se possível, até 2 dias) antes de servir. Tape BEM o recipiente, pois qualquer cheiro que tenha na geladeira irá deixar um rastro na calda. Sirva gelado mesmo ou aquecido no microondas. Elas de um dia para o outro é que ficam com o melhor sabor. Eu as vezes acrescento mais água de rosas ao servir para ressaltar o aroma das rosas.
Fontes:
http://www.indiamarks.com/guide/Gulab-Jamun-The-most-Popular-Sweet-in-India/183
http://www.geocities.com/luizsegamarchi/receitas.html#_Gulab_Jamun (e outras receitas!)
Escrito por Agustinho Serrano para Dança de Shiva.
Hari