yogaterapia com amor.

sábado, 17 de setembro de 2011



Shiva e Parvati - o Casal Cósmico

Na filosofia hindu, como em quase todas as grandes tradições filosófico-religiosas, o Deus Uno Imanente desdobra-se numa trindade: a Trimûrti. No período pré-védico encontramos uma primeira trindade - Nara, Nârî e Virâj - que é oculta ou não manifestada, uma abstracção pura.

Procedendo desta, encontramos outra trindade – Agni, Vâyu e Sûrya - que é activa e é revelada como resultado da criação. A Trimûrti , que compreende Brahmâ, “o Criador”, Vishnu, “o Conservador”, e Shiva, “o Destruidor e Regenerador”, pertence a um período posterior, sendo uma adaptação das duas primeiras, cristalizada na forma de dogmas humanos. Estes três Deuses encarnam três forças fundamentais, designadas como os gunas: Rajas, Sattva, Tamas. “Sattva é o guna - a qualidade - de Vishnu, a força de coesão interna, a luz da consciência. Tamas é o guna de Shiva, a força de dispersão, de desintegração, a obscuridade da qual o Universo jorra e na qual se funde. Sattva e Tamas permaneceriam para sempre na sua inércia respectiva, se Rajas, a força dinâmica, não surgisse da tensão criada entre eles, a fim de desencadear o processo activo da criação, a obra de Brahmâ. Sem a energia Rajas, não haveria senão o estado de sono profundo, de sono sem sonhos, no qual Shiva permanece, imerso na existência pura” .

Na mitologia hindu, Shiva, cujo nome significa “o Benéfico”, ocupa um lugar de destaque, assumindo-se como um Deus de primeira ordem. Está associado às qualidades de Vontade e de Poder, ao 1º Aspecto (1º Logos); encontra-se na origem da criação, quando tudo é ainda germe invisível, e está igualmente no termo da desintegração, quando tudo regressa ao Não-Manifestado.

Shiva e a sua consorte, Parvati, representam a dualidade do Universo Manifestado: Espírito e Matéria, Purusha e Prakriti . A tradição conta que:

O Cosmos girava à volta do Monte Mandara e no seu pico encontrava-se Shiva, em serena meditação, desligado do mundo, transcendendo samsara .

Brahmâ, o Deus Criador, dirigiu-se a Vishnu, o Salvador Cósmico, e perguntou: “Se todas as criaturas sobre a terra renunciarem ao mundo, como Shiva, o Universo cessará de existir. O que poderá ser feito para o evitar?”

Vishnu respondeu: “Temos de lhe arranjar uma mulher que o traga de volta ao mundo. Para que a sociedade sobreviva, mokska - a libertação espiritual, deverá ser complementada com o cumprimento do dharma, o dever material. A senda da renúncia, o yoga, deverá ser balançado como envolvimento na existência, bhoga. Juntos, Shiva e a sua consorte, irão gerar o caminho-do-meio, aquele entre a participação e a renúncia.” Brahmâ concordou.

De repente, o antagonismo entre Brahmâ e Shiva tornou-se claro para os deuses - Brahmâ era rajásico, activo e energético, ao passo que Shiva era tamásico, “passivo” e “inerte”. O que Brahmâ criava, Shiva destruía; o que Shiva destruía, Brahmâ recriava. Ambos justificavam a existência um do outro. Entre Shiva e Brahmâ encontrava-se Vishnu – totalmente sáttvico, tentando constantemente criar um balanço entre o Criador e o Destruidor.

“Mas onde iremos encontrar uma mulher que se equipare a Shiva em espírito e força?!”, exclamou Brahmâ.

“Eu já encontrei uma - a própria Deusa-Mãe”, respondeu Vishnu.

“Sim, sim. Quem melhor do que ela, a personificação de prakriti?! Mas irá ela aceitar?”

“Ela já aceitou… olha, já encarnou como Sati, a filha mais nova de Daksha.”

“Como posso eu casar com ela se eu renunciei ao mundo?!”, gritou Shiva quando Vishnu fez a sugestão. Mas ele não foi capaz de ignorar a intensidade do amor de Sati.

“Porque queres tu casar comigo?”, perguntou Shiva a Sati.
“Porque eu estou incompleta sem ti e tu estás incompleto sem mim.”
“Mas eu não tenho nada para te oferecer.”
“Eu não peço nada a não ser tu.”

A determinação de Sati impressionou Shiva, que a aceitou como sua consorte. Brahmâ e Vishnu rejubilaram.

Daksha, o pai de Sati, o guardião da civilização, não gostava de Shiva, pois este era um eremita que não vivia de acordo com as leis da civilização. Um dia, Daksha tomou a iniciativa de realizar um prodigioso sacrifício, para o qual seria convidada toda a criação, excepto Shiva e Sati. Apesar de Shiva ter tentado demover Sati, esta foi na mesma até casa do pai. Quando lá chegou, junto do fogo sagrado estavam sábios, deuses, deusas, mas ninguém se levantou para a cumprimentar; até o seu pai não se mostrou particularmente feliz por vê-la. De repente, tudo se tornou claro: Sati apercebeu-se que o sacrifício era um elaborado ritual com o objectivo de denegrir o seu Senhor. A humilhação foi tão grande que a morte pareceu a melhor alternativa. A notícia da morte de Sati deixou Shiva destroçado e, então, veio a dor. O Deus experenciou a angústia da separação e da solidão e isolou-se nas cavernas geladas dos Himalaias.

A Deusa-Mãe, encarnação de toda a matéria, nunca é estável, está constantemente num estado de fluxo. A sua morte foi apenas uma transformação. Sati iria retornar noutra forma. Os Deuses sabiam-no e Shiva também…

Nos Himalaias havia um rei chamado Hivamam, casado com a rainha Mena, que tinha uma belíssima filha chamada Parvati ou Uma, filha das montanhas. Parvati era Sati reencarnada, e estava decidida a reconquistar o seu amado. E assim foi… Perante o fogo sagrado, Shiva e Parvati procederam ao ritual que os consagrou marido e mulher e os tornou nas duas partes do Todo. Os dois completavam-se perfeitamente, existindo entre eles uma perfeita harmonia. Parvati era a pupila perfeita e Shiva o professor perfeito. Através das sagradas conversas entre eles, foram revelados os segredos dos Vedas, o esplendor dos Shastras (5), e o mundo foi enriquecido. O Cosmos rejubilou.

Com Parvati ao seu lado, Shiva fez uma declaração ao mundo:

“Que se saiba, nenhuma adoração ou sacrifício será aceite pelos deuses enquanto um homem não tiver a esposa ao seu lado. Aquele que se afasta das alegrias e das tristezas da vida, em vez de lidar com elas, é um tolo, pois está a fugir da Verdade. Aquele que é obcecado pelos prazeres e pelas dores da vida, incapaz de avistar a serenidade por detrás dela, é um tolo, pois ele também está fugindo da Verdade.”

Ambos disseram:

“A Verdade encontra-se na harmonia entre o espírito e a matéria, entre o corpo, a mente e alma, entre o individual e o social, entre a sociedade e a natureza, entre Purusha e Prakriti.”

Por Ana Isabel Neves.

Com carinho para meus alunos e amigos do ESPAÇO DE YOGA "DANÇA DE SHIVA".

NAMASTÊ!!!

domingo, 28 de agosto de 2011




Como podemos equilibrar nosso Universo Zodiacal através da Yoga:.
A astrologia e seu vasto campo de estudo, nos oferece inúmeras formas de auto conhecimento, sob a ótica da reencarnação ninguém vem a toa sob a luz do seu signo. Pois através de sua data natal e a organização de seus planetas, servirão como referências para que a pessoa busque saber a respeito de seus Bhavanas (qualidades inerentes) e Vrittis( desafios inerentes), eu ousei trazer a questão com muito respeito, pois não sou astróloga, sou professora de yoga que adora astrologia. No meu ponto de vista não existe signo bom ou ruim, não podemos jamais utilizar essa prerrogativa como um fator determinante para cada pessoa, pois isso nos distanciaria do aprendizado Yogue e nos arremeteria a estrada do preconceito...Exemplo: Você é assim porque é de tal signo e ponto.
Bem, levando em conta agora os elementos necessários e fazendo um apanhado geral a respeito vamos explorar um pouco essa relação entre signos e Yoga, trazendo quem sabe, um pouco mais de luz a nosso respeito.
Os signos da terra...


Touro

virgem

capricórnio

Sensibilidade nas narinas, seu olfato leva a ter esse sentido mais apurado, são signos que buscam a estabilidade o conforto, visam disciplina e aprimoramento. Entre seus Bhavanas está o aspecto sensorial o que facilita trabalhar com "eu observador", por terem mais chão buscam a verdade através do raciocínio. Entre seus Vrittis ou desafios estão as tensões e preocupações demasiadas a respeito de si e o meio ambiente em que vivem.
Precisam da natureza para sentir sua Divindade interna, porque eles como disse antes são sensoriais...
Praticas que podem equilibrar os signos da terra:
Os chakras que mais se evidenciam para esses signos são muladhara e swadstana.
Pranayamas : Sopro há!, nadi shodana, kaki para relaxar...Etc...( vai de acordo com a necessidade).
Posturas: iniciando em pé, movimentos que trabalham em conjunto a respiração (vinyasa), torções e invertidas com pequenas pausas, ajudam os signos da terra a relaxar e ter outro ponto de vista retirando-os do lugar comum, aqui as invertidas são essenciais. Sempre serão um pouco mais difíceis aos racionais signos da terra, representarão sempre um desafio ( eu que o diga).
Trikonásana, virabhadrásana e variações, shirsásanas, pangustásana são algumas posturas que eu indicaria para esses signos, sem falar do sempre "estimulante" Surya Namaskar.

Os signos da água...

Aqui a palavra emoção soa mais forte, as pessoas nascidas sob a influência da agua são mais sentimentais, por serem assim levam mais tempo digerindo-as, as vezes até represando um pouco como é o caso dos escorpianos.

No aspecto sensorial O paladar é o sentido mais atento, porém o elemento agua por ser facilmente modificado é capaz de tornar esse ser altamente intuitivo envolvendo todos os sentidos em conjunto...O desafio dos signos da agua é manterem-se firmes e resolutos em suas ações, firmeza, olhar para a grandeza da vida com a consciência plena de que existe sempre mais e mais a aprender.

Degustar, digerir com pranayamas especificos...Bhastrika purifica, mudras como brahma mudra, e outros que focam a transformação, bem como yoni ou shivalinga, podem ajudar aos signos da agua a modificarem padrões através de uma maior abertura...

ásanas: matsyendrásana, ustrasana, mandukasana, badhakonasana, deviasana e a firmesa sentida em posturas como as variantes do guerreiro e àrvore(vrikshásana ) e a sempre interessante Harda matsyendrásana. Aqui o foco é sempre mais espiritual é claro. Signos como peixes precisam da "espiritualidade" a nível vital. Esse por exemplo nunca vai ficar em uma aula de yoga que não se trabalhe esse aspecto, pois o pisciano quando não buscar o conhecimento interno, acabará se sentindo muito vazio com o tempo e sofrerá bastante por isso.

Signos do Fogo:

Aries

Leão

Sagitário

O intensidade desses signos levam a ter o tato mais apurado, já o fato do plexo solar ser mais exaltados, sua intuição e literalmente a visão são mais afetados, tornando-o mais amplo em todos os sentidos...

Um abre-alas em todos os aspectos, o signos do fogo tem calor, energia de sobra e podem literalmente serem nossos porta-vozes, nossos guerreiros. Aqui a utilização de toda essa energia para o bem é o mais importante como desafio, eu lembraria aquela história de Buda com relação a cítara...Se estiver muito frouxa não toca, muito apertada porém arrebenta. Podemos fazer essa analogia ao representar a necessidade real dos signos do fogo a manterem sua luz

A ayurveda apresenta para eles várias formas de terapia que trabalham a "temperança", o relaxamento e a fluidez na medida certa.

Pranayamas que visam o relax como kaki pranayama e a estabilidade de foco e concentração. Nadi shodana pode ser usado com Vishnu mudra, utilizando ao mesmo tempo a meditação como guia...Tranquilidade, pausa e consciência...

Ásanas como janu sirshasana, adhomukasvanasana, sarvangasana, cuidando a fluidez e evitando o excesso de permanência para não agravar o dosha pitta, convidando o ser a observação de seu eu interno o lugar onde o "observador" permite a visão mais ampla sobre si e a humanidade.

Signos do ar...

Aquário

Gêmeos

Libra

O sentido mais sensivel dos signos do ar é claro só poderiam ser a audição . Canalizando suas energias para o futuro, por isso encontramo-os constantemente entre os artistas e musicos, fluidos por natureza, tem o temperamento volátil buscando sempre seu lugar no universo, utilizando como carruagem sua veloz mente...

O desafio aqui é buscar seu lugar seguro e aconchego sem se sentirem presos, adoram yoga, isso por que naturalmente já possuem um total discernimento a respeito. O uso de mantras se tornam imprenscidíveis para a canalização dos poderes dos sons universais...

Todos os pranayamas beneficiam todos os signos de uma maneira geral, mas os do ar necessitam foco e os que se associam com a meditação são os melhores... Entre os ásanas: tadásana, deviasana, utkatásana, bakásana, ashwasanshálasana as variações do guerreiro com foco na permanencia e muito importante sempre para todos os signos mas em especial para os signos do ar YOGANIDRA.